segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Alívio

Nunca a Morte esteve tão próxima a mim.
Pulsa! Pulsa! Pulsa coração.
Se você vai, com você vou.
Traz água!
Corre! Corre! Corre!
Deixa quieto...
Que fazer?
Liga? Liga!
Não mais precisa...
Passou.
Ufa!

domingo, 14 de novembro de 2010

Olhos nos olhos

Mãos em desencontro redundam em olhos.
Olhos nos olhos fixos, permanentes.
Bombardeados de desilusão.
Brilhantes em breu suave
Duelam entre si discretos.
Vêem lágrimas percorrer o corpo,
Desabar plácidas no infinito.
Embaçados, até cansar choram.
Cansar de ver seu reflexo sozinho.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A Política

Era uma vez um presente.

E todos viveram

INfelizes pra sempre.

domingo, 26 de setembro de 2010

MoviLento



Gira, gira Mundo.

Anda, anda imundo.

Tropeça, lenvanta, vai.

Volta, volta, lento.

Para, para... Morto.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Lotação

Cabeça cheia
como ônibus no rush.
Lotada e barulhenta.
Várias expressões,
pensamentos: indigestos,
duvidosos, piedosos.
Pensar querer o que não pode;
Poder pensar no que não quer;
Querer poder pensar em nada.
Viver ou pensar?

domingo, 19 de setembro de 2010

Diálogo (in)certo.

Certamente és a certa.
Perfeição que me desperta.
Domino-te e domina-me.

Admiração mereces tu,
menina que desalinha.
Perco controle de mim.

Pessoa certa. Momento impróprio
para ti e para mim.
Isso basta!


--------------x----------------

Certamente és o certo.
Imperfeição que me desperta.
Domino-te e domina-me.

Tempo dedico a pensar em ti.
Não entendo... É injusto.
Amigo? Só isso?

O Tempo não existe.
Mas, amanhã, em tempo certo,
chegará pessoa incerta.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Vontades

Minha bolsa estourou!
As vontades saíram.
Uma pra lá, outra pra cá.
Grandes, pequenas:
todas.

A dos grandes
sempre se soltam:
tentam dominar.
Mas quero as minhas
pra realizar.

Escrever é vontade Grande,
como aprender a tocar.
Muito tempo dedico a essas,
sem as outras abandonar.

Conto, reconto.
Poemo, repoemo.
Toco, retoco.
Canto, recanto.

Retirando as vontades da Bolsa Amarela

Alguém aí já leu o romance infanto-juvenil "A Bolsa Amarela" da Lygia Bojunga? Quem leu saberá exatamente de onde "vieram" estas colocações. Quem não leu, está livre para imaginar o conteúdo desse fantástico livro.

  • Porque as pessoas grandes se acham no direito de abrir a bolsa amarela das pessoas pequenas?
  • O que as pessoas pequenas podem fazer pra evitar? Crescer? ser garoto? escrever? Se assim fosse, o que elas guardariam na bolsa amarela?
  • Porque existem "coisas para meninos" e "coisas para meninas"?
  • Porque gente grande pode fazer o que quiser com a bolsa amarela das pessoas pequenas?
  • Porque as pessoas pequenas não podem ser escritoras?
  • A vontade das pessoas pequenas devem ser guardadas? Elas devem seguir as vontades das pessoas grandes?

Estas perguntas têm respostas? As minhas respostas estão aqui. Tente responder também.

  1. As pessoas grandes sentem necessidade de dominar as vontades das pessoas pequenas.
  2. As pessoas pequenas podem retirar todas as vontades da bolsa amarela, e deixar nela só aquilo que as prende - um alfinete, por exemplo.
  3. Não existem "coisas de meninos", nem "coisas de maninas". Isso é tudo "coisa inventada" pelos grandes pra dominar os pequenos.
  4. As pessoas grandes só fazem o que querem com a bolsa das pessoa pequenas se elas deixam amarrar suas idéias.
  5. As pessoas pequenas pode sim ser escritoras.
  6. Guardar as vontades só deixa a bolsa amarela das pessoas pequenas mai pesada e difícil de carregar. As pessoas pequnas têm suas próprias vontades. Elas têm que desamarrar todos os pensamentos amarrados optar pelo que torna sua bolsa mais leve.

Adorei tanto esse livrinho fantástico que ele me inspirou a tirar muitas vontades minhas guardadas há muito tempo. Recomendo!

Poemando

Eu poemo.
Tu poemas.
Ele poema.
Nós poemamos.
Vós poemais.
Eles Poemam.
Os pronomes acabaram.
Quem vai poemar?
Os artigos infinidos:
Uma poema
um poema.

domingo, 9 de maio de 2010

O primeiro conto que escrevi. Surgiu por uma "inspiração repentina". Ainda não tem título, espero sugestões!

Paff! Fez a porta quando Cíntia entrou cansada e com raiva em casa, depois da segunda semana de aula na quinta série. A avó viu a cena e ficou preocupada:
- O que houve querida?
- Odeio a escola! Não gosto de ter vários professores. E não entendo nada de Português! Sempre tem alguma coisa mais interessante pra fazer do que ficar nomeando substantivos, adjetivos e artigos.
A menina cruzou os braços, sentou-se no colo da avó enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas. Dona Lúcia, então, lembrou de uma história que acreditou que poderia contar para a neta.
- Já sei! Acabei de lembrar de uma história que aconteceu há cinqüenta e oito anos. É sobre uma garotinha da mesma idade que você.
Em 2011, uma garota de dez anos também não gostava de suas aulas de português. A professora só copiava no quadro o conteúdo da gramática e passava milhares de exercícios sem explicar o que deveriam fazer. Ela dizia que as respostas estavam no caderno. Mas Lucy não conseguia encontrá-las.
A mãe dela não conseguia compreender o desgostar da filha. Sempre dizia para Lucy:
- Sempre gostei tanto de Língua Portuguesa. Não entendo por que você não.
- Não entendo pra que tantas regras? Porque não posso falar ”agente foi”, ao invés de falar “nós fomos”. Porque tenho que saber o significado de palavras que nunca vou usar? E porque devo saber que um substantivo é um substantivo ou que um adjetivo é um adjetivo? Tudo isso pra aprender a falar certo?
A mãe não entendeu porque a professora de Lucy trabalhava assim. Então lembrou de sua professora, ligou para ela e pediu que desse algumas aulas extras depois do colégio. Após o primeiro dia de aula com a professora Sandra, a menina chegou em casa muito alegre.
- Mãe! Comecei a ler um livro muito legal, “A bolsa Amarela”. Nunca imaginei que existiriam aulas de português assim! A senhora sabe o que foi a Ditadura Militar? Descobri isso lendo este livro. Quero uma bolsa igual a da Raquel. Ainda aprendi a escrever cartas! A senhora sabia que podemos escrever até pra amigos imaginários?
- Nossa! Parece que a aula foi boa. – Disse dona Antônia. O que mais você aprendeu?
- Aprendi que em cartas posso escrever que “ninguém tá afim”, ao invés de escrever que “ninguém está com vontade”, ou que “ninguém está disposto”, como escrevem nos livros, jornais ou em artigos. Áh! E em telegramas temos que ser diretos, sem falar muito.
Lucy começou a se perguntar por que a aula de sua professora da escola não era tão legal assim. Não conseguia prestar atenção nas aulas. Não entendia porque a professora não deixava falar “tá”, e nem escrever assim em uma carta. Quando algum colega da menina falava assim em sala de aula a professora dizia que eles não sabiam falar Português. A menina ficava confusa. Que língua eles falavam afinal? Grego?
Adorava as aulas da professora Sandrinha, como chamava, mas dormia quando a aula de Língua Portuguesa começava na escola. E assim aconteceu nos quatro anos que vieram, até que a professora da escola se aposentou, no mesmo ano em que Lucy saiu da escola para estudar em uma de Ensino Médio. Lá, por coincidência, encontrou a professora Sandrinha. Adorou vê-la e estudar com ela por mais três anos. De tanto gostar da Língua que falava, decidiu estudar para ser uma ótima professora - como a sua professora Sandra.

- E assim termina a história da menina Lucy – diz a vovó.
- Nossa! Então não preciso decorar essas regras chatas pra aprender Português! Eu já sei falar essa língua. Mas quando posso falar “tá”? E o que é um telegrama? Pra que serve? O jeito de falar é diferente do jeito de escrever? Então posso falar “pra” ao invés de “para”?
- Você não precisa estudar regra por regra – a avó respondeu - porque quando você lê um livro essas regras já estão lá, mesmo sem perceber, você aprende. Em alguns momentos, em alguns tipos de texto pode sim falar “tá”ou “pra”, mas você precisa saber em quais momentos usar. Por exemplo em um telegrama informal, ás vezes, pode sim escrever assim.
- Vó, eu quero aulas de Português como as da Lucy. – Disse Cintia com um sorriso no rosto.
A avó ,então, sorriu e explicou:
- Posso lhe dar algumas aulas, pois aprendi com a professora Sandra. Lucy é como me chamavam quando tinha sua idade.